Residência
“Em residência: Bauru”, tempos de ateliê
Após a publicação de uma convocatória de projetos voltadas à comunidade artística bauruense e a seleção dos residentes Felipe Lea Plaza, Filipe Cruz, Julia Nogueira, Jeff Barbato e Victor Harabura, o projeto “Em residência: Bauru”, que conta ainda com os artistas convidados Aran Carriel, Edmar Almeida, Marcelo Bressanin e Marilia Vasconcellos, teve início em março de 2020 com uma residência artística de quatro semanas.
Instalado em ateliê preparado na Estação Cidadania – Cultura (antigo CEU das Artes), o grupo pôde, a partir dali, estabelecer uma série de rotas, caminhos, derivas e pesquisas que sempre retornavam àquele espaço na forma de relatos, de memórias, de materiais ou objetos coletados, de imagens e de sons os mais diversos.
Ali também, em encontros semanais muito sensíveis com Regilene Sarzi Ribeiro, coordenadora do labIMAGEM Unesp Bauru e responsável pelo acompanhamento crítico e curatorial do grupo, as discussões sobre uma cidade sob observação convergiam em conversas que compartilhavam achados, possibilidades, métodos e dúvidas.
Aqueles tempos de ateliê, que conviveram com os primeiros rumores locais sobre a pandemia pelo Covid-19, aglutinaram diversas leituras da cidade, de sua história e estórias, livros antigos, discussões teóricas e outras tantas trocas que aos poucos foram tecendo um novo território, uma Bauru diferente, vista por olhares diversos e materializada em processos particulares que, ao mesmo tempo em que partilhavam um objeto comum, surgiam marcados pelas perspectivas de cada um dos artistas em residência.
Enquanto isso, ao longo daquela experiência, os olhares dos frequentadores da Estação Cidadania – Cultura, espreitavam curiosos as vidraças do espaço, buscando se aproximar e compartilhar dos processos em andamento e de suas intenções.
Hoje, diante das obras finais apresentadas na mostra coletiva “Em residência: Bauru”, aqueles momentos de ateliê repousam como uma camada de memórias impregnadas nas peças produzidas e nas lembranças dos residentes. Talvez não sejam imediatamente evidentes para os visitantes da exposição mas certamente estão ali, aderidos a cada um dos trabalhos apresentados e pulsando novas leituras sobre a cidade.
As imagens a seguir registram um pouco daquelas explorações, numa coletânea que, mesmo insuficiente, permite resgatar aquela convivência. Enfim, que falem as obras ali criadas. Afinal, como disse Pedro Ayres Magalhães, músico da banda portuguesa Madredeus, a respeito do primeiro álbum do grupo: “tudo o que já tem tempo leva tempo a compreender”.
Edmar Almeida, Marcelo Bressanin e Marilia Vasconcellos